Quando um cão é picado várias vezes por abelhas, isso pode ser muito perigoso e até fatal. Isso acontece porque as picadas podem causar reações alérgicas e tóxicas graves no corpo do animal.
Neste caso, fica nítida a importância de saber o histórico do animal, de tratar o pet rapidamente e acompanhá-lo de perto para garantir sua recuperação.
A abelha-europeia (Apis mellifera)
As abelhas africanizadas são um tipo de abelha tropical que surgiu quando abelhas importadas foram misturadas com as abelhas locais no Brasil. Isso foi feito para melhorar a produção de mel. Essas abelhas são conhecidas por serem agressivas, formar enxames rapidamente e atacar como forma de defesa.
Hoje em dia, as abelhas africanizadas são as mais comuns e estão espalhadas por toda a América, inclusive nos Estados Unidos. Os apicultores estão agora se empenhando em criar abelhas menos agressivas para facilitar o trabalho e evitar ataques dolorosos, tanto para as pessoas quanto para os animais domésticos.
Abelha-europeia (Apis mellifera)
O veneno
O veneno das abelhas é uma mistura complexa de diferentes substâncias. Duas delas mais importantes são: a metilina e a apamina.
A metilina pode destruir as células, especialmente as células vermelhas do sangue, e pode ser ruim para o coração.
Já a apamina afeta o sistema nervoso (principalmente a medula espinhal), causando convulsões, hiperatividade e espasmos.
Além disso, outras substâncias no veneno podem causar vermelhidão, dor no local da picada e ajudar o veneno a se espalhar pelo corpo pelo sangue.
Sinais clínicos
Quando as abelhas atacam, os lugares mais atingidos são os olhos, nariz e boca. Mas, no caso de um ataque de vários insetos, o animalzinho pode ser ferido em todo o corpo. Além disso, existem alguns fatores que podem atrair picadas de abelhas:
Cores escuras: atraem mais do que cores claras;
Comportamento: movimentações mais bruscas, latidos e curiosidade, fazendo o animal se aproximar para cheirar e brincar pode irritar as abelhas.
Isso pode explicar o motivo de cães de pelagem escura serem mais acometidos.
Tipos principais de acidentes
Existem três tipos principais de acidentes com abelhas:
1. Uma ou poucas picadas
Este é o tipo mais comum. Os sinais clínicos incluem dor, inchaço e vermelhidão no local da picada.
2. Sensibilidade ao Veneno
Alguns animais podem ser sensíveis ao veneno das abelhas. Isso faz com que uma única picada possa levar a uma reação alérgica grave, chamada “choque anafilático”.
Isso pode causar sintomas como urticária, inchaço evidente, vômitos, dificuldade para respirar e mudanças no comportamento. É importante procurar ajuda médica veterinária imediatamente.
Inchaço na face por picada de abelha, com possível sensibilidade do animal.
3. Múltiplas Picadas
Este é o tipo mais grave de acidente! Os sinais clínicos incluem agitação, vômitos, náuseas, fraqueza, aumento dos batimentos cardíacos, dificuldade para respirar, tremores, convulsões e até coma.
Em casos graves, pode levar à morte. Manifestações tardias podem incluir alterações na coagulação do sangue e urina escura.
É necessário procurar atendimento médico veterinário de emergência!
O que fazer nestes casos?
Se um animal for picado por abelhas, não há um antídoto específico, então é importante que sejam fornecidos cuidados de suporte e monitoramento constantemente. Quanto mais rápido você levar o animal ao veterinário, maiores são as chances de recuperação.
É importante também remover os ferrões das abelhas rapidamente usando uma pinça perto da pele. Isso evita que mais veneno seja injetado na vítima ( ⅔ do veneno que permanece armazenado no ferrão).
O prognóstico (ou a chance de recuperação) do animal depende da quantidade de picadas que ele recebeu em relação ao seu peso. Geralmente, animais que recebem menos de 14 picadas por quilo de peso sobrevivem. Entre 14 e 24 picadas, o animal está em condição crítica. Acima de 24 picadas por quilo, é provável que o animal não sobreviva.
Por isso, caso o seu animalzinho for picado por abelhas, é de extrema importância levá-lo ao Médico Veterinário o quanto antes, pois em intoxicações, o tempo é um grande aliado da chance de recuperação!
Referência:
SAKATE, Michiko. Zootoxinas. In: SPINOSA, Helenice de Souza et al. Toxicologia aplicada à Medicina Veterinária. São Paulo (Barueri): Manole, 2008. p. 230-233.