Descubra os efeitos da ingestão de Kalanchoe em animais domésticos
A Kalanchoe spp. corresponde a um gênero de suculentas da família Crassulaceae, nativas do Sul da África, Madagascar e Austrália, sendo a K. blossfeldiana, conhecida popularmente como “flor da fortuna”, a espécie mais comumente observada nos lares brasileiros. Sua grande popularidade se deve ao fato dessas plantas florescerem ao longo de todo ano, possuindo cores variadas.
A Kalanchoe é tóxica para cães e gatos?
A Kalanchoe spp. apresenta em sua composição os princípios-tóxicos glicosídeos cardíacos, entre eles os bufadienolídeos, que se concentram principalmente nas flores, mas que podem estar presentes em todas as partes da planta. Interessante notar que os bufanolídeos são também encontrados no veneno de algumas espécies de sapos.
Esses compostos tóxicos induzem modificações nas células cardíacas que estão associadas ao aumento da força de contração do músculo do coração. Consequentemente, com a ingestão de maiores quantidades da planta pode haver alteração da frequência de batimentos cardíacos (se tornam mais lentos), arritmias e bloqueios cardíacos, que podem evoluir à dificuldade respiratória, extremidades frias e morte.
Logo após a ingestão, são relatados sinais de salivação excessiva, dor abdominal, diarreia e vômitos, que podem inclusive conter partes da planta, contribuindo para o diagnóstico da intoxicação. Existem ainda relatos de intoxicações pela flor da fortuna em outros animais como frangos, ovelhas, bovinos e cães, em que é relatada a ocorrência de sinais neurológicos, com confusão mental, depressão, tremores, incoordenação motora, convulsões e paralisia.
Qual a dose tóxica de Kalanchoe?
As doses tóxicas da flor da fortuna para cães e gatos ainda são desconhecidas, mas alguns estudos sugerem que 7 gramas de flores ou 40 gramas de folhas por quilo de peso corporal já são consideradas letais em bezerros. Então todo cuidado é pouco!
O que fazer se identificar sinais de intoxicação?
Após identificar sinais de intoxicação por Kalanchoe ou quaisquer outras plantas em cães e gatos, é essencial entrar em contato com o médico veterinário imediatamente para que medidas sejam tomadas. Uma vez com a sintomatologia aparente, não adianta usar qualquer medida para produzir vômitos para a eliminação desta substância tóxica, pois isso pode agravar o quadro e até mesmo produzir a morte do animal.
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Escrito por Júlia Silva Camargo
Referências Bibliográficas
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