É muito comum na saúde humana utilizar o ácido acetilsalicílico, conhecido popularmente pelas marca comercial como AspirinaⓇ (ou AASⓇ, entre outras), para diversas situações, como tratar dor de cabeça, inflamação na garganta, febre, sintomas gripais, dores musculares entre outros. Esses usos ocorrem com frequência, pois trata-se de um medicamento anti-inflamatório não esteroidal (isto é, não é um anti-inflamatório corticóide) com propriedades analgésicas, antitérmicas e anti-inflamatórias.
Porém, você sabia que na medicina veterinária é necessário uma série de precauções ao utilizar esse tipo de remédio?
Isso se deve às características de cada espécie animal, principalmente em relação à metabolização de medicamentos, isto é, a forma como o medicamento passa pelo organismo do animal e é eliminado. No caso da aspirina, por exemplo, o tempo de meia vida plasmática em felinos é de 38 horas, ou seja, após a administração metade do medicamento ainda permanece ativo no organismo por todo esse tempo, e caso seja administrado uma nova dose nesse intervalo pode ocorrer um acúmulo, do medicamento levando a um quadro grave de intoxicação, assim estudos afirmam que o tempo de eliminação do organismo do gato é ao redor de 10 vezes maior que em seres humanos. Já, nos cães, o tempo de meia vida é de 9 horas, apesar de menor que em felinos, é importante se atentar à dose e ao intervalo de administração.
Em relatos de casos de intoxicação por medicamentos semelhantes à aspirina em animais, é comum cães apresentarem irritação gástrica com formação de úlceras, vômito sanguinolento, apatia, dificuldade respiratória entre outros, enquanto gatos a correta administração deve ocorrer a cada 48 horas em doses mais baixas quanto possível, o excesso pode gerar vômito, espuma na boca, febre, apatia, irritação gastrointestinal entre outros. A administração por longos períodos (fase crônica), pode levar os animais a apresentarem alterações no fígado, gerando um quadro de hepatotoxicidade.
Além disso, é comum entre os humanos a cultura da automedicação quando apresentam algum sinal de desconforto, mesmo não sendo completamente correta, contudo. É importante que isso não se estenda para os animais, particularmente no caso da aspirina, as consequências podem ser bem graves para os pets, pois como falado, há grandes diferenças na metabolização da aspirina em cães e gatos, o que pode levar a graves quadros de intoxicação. Deve-se salientar que os medicamentos estão entre as principais causas de intoxicação nos pets; desse modo, medicar nossos pets inadequadamente com a expectativa de ajudar, por mais que pareça benéfico, pode agravar a situação do animal.
Caso observe algum sinal de desconforto no seu animal de estimação, não o medique por conta própria, leve-o ao veterinário, ele é o mais capacitado para lidar com a situação e ajudar a melhorar o quadro clínico do pet, administrando o medicamento correto, na posologia correta para o seu amigo de quatro patas!
Se você tiver alguma pergunta ou sugestão para futuros artigos, sinta-se à vontade para compartilhá-la conosco. Adoraríamos ouvir sua opinião e atender às suas necessidades. Até o próximo post!
Escrito por: Larissa Silva Santos
Referências
DOS SANTOS, Kerli Cristina et al. Medicamentos de uso humano e sua prescrição para animais domésticos. Arquivos Brasileiros de Medicina Veterinária FAG, v. 4, n. 2, 2021.
COSTA, Kalel Barros da; ROMERO, Luiz Henrique Vieira. Principais fármacos causadores de intoxicação em gatos. 2024.
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